As pessoas tendem a confundir simpatia com licença para abusar…
A simpatia é, de facto, uma abertura. Um acolhimento e aceitação do outro. O carinho, a bondade, a suavidade… O que leva muitos a interpretar que têm caminho livre para fazer o que bem entendem, exigir ou cobrar algum direito, pensar que o outro assinou um compromisso de “ irei concordar com o que tu quiseres “ para bem desta bela harmonia.
E depois, surpreendem-se quando a pessoa que demonstrou tanta simpatia começa a dizer “não”, a afirmar o seu pensamento, os seus valores e a não fazer o que esperariam que fizessem.
Surgem, então, as críticas e multiplicam-se as acusações de ter sido cínica, fingida ou sonsa. Sonsa é o que não é, definitivamente; caso contrário, não teria tido a coragem de contrariar, discordar e dizer não. A pessoa sonsa finge mas faz por trás, faz-se de desentendida.
Mas todo este rótulo acontece porque o outro foi simpático, demonstrou abertura e, sim, deu preferência à harmonia. E a pessoa que julga e que se sente ofendida, em vez de perceber que o outro (quando a sua simpatia é genuína) o estava a aceitar e a amar incondicionalmente, denigre a sua imagem porque se sentiu enganada.
Esta é uma das razões pelas quais as pessoas só têm respeito por pessoas que aparentem seriedade, alguma agressividade e até desrespeito. Também a razão por que grande parte das pessoas simpáticas passam a proteger-se e a não permitir tanta abertura.
O segredo está em não se importar, continuar a ser e a sorrir sem medo do julgamento ou de ser mal interpretado. Pode doer mas também é algo com o qual se aprende a lidar e é quando se entra num estado de auto estima e auto valorização extremas que nada de fora já tem poder para abalar.
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