As redes sociais vieram revolucionar o mundo e as comunicações.
Aproximaram pessoas, facilitaram contactos e proporcionaram momentos de lazer, conhecimento e desenvolvimento.
Contudo, existe um lado desse mundo que me assusta e do qual as pessoas ainda não se deram conta.
As redes sociais regularizaram a necessidade de aprovação do outro, da sua validação, com gostos e seguidores com a criação de falsos amigos, ou amigos ilusórios já que, ter alguém que aprecia as nossas fotos, que comenta os nossos posts; em nada se assemelha a uma amizade verdadeira, pior, abriu caminho a esquemas, perseguições e assédios que muitos começaram a encarar como possíveis e até naturais.,
Se, por um lado, permitiu que cada um expressasse a sua voz e tivesse o seu “cantinho” para apresentar os seus talentos, também deu acolhimento a charlatães e pessoas que em nada se importam com o seu próprio conteúdo ou com o bem maior da sociedade, mas sim com um negócio onde se ganha dinheiro com “visualizações”, comentários e partilhas.
Sem se aperceberem, os utilizadores das redes sociais tornaram-se escravos de uma ditadura sofisticada em que é preciso postar 3 vezes ao dia, todos os dias, para que o “Algoritmo” entregue o conteúdo ao maior número possível de pessoas em que os portadores de conteúdo quase que obrigam a assistência a escrever nos comentários.
Aposto que muitos não sabem a razão desta lenga lenga: “Deixe o seu comentário, compartilhe com alguém e ative o sino para não perder nenhum dos meus conteúdos “, ou, mal começa a ver um vídeo ainda nem percebeu do que se trata e já estão a dizer para subscrever o canal… Que massacre! Que, por acaso, tem um nome técnico denominado “ Call to action “.
Embora alguns até possam ser verdadeiros nestes apelos, a verdade é que a maior parte das pessoas nem está interessada nos seus comentários, só precisa de os ter, interagir e alimentar o algoritmo.
Esta sociedade virtual também atiça a concorrência, chegando esta a ser ensinada em workshops gratuitos e aulas on line, que os empreendedores devem estudar e analisar perfis de outros profissionais. E, sem nos darmos conta, em vez de nos incentivar a sermos nós próprios, obriga-nos a comparar…que é tudo menos humanitário, espiritual ou algo que engrandeça ou que realce a auto-estima. A verdadeira, não a do ego que se considera superior.
A exposição é tanta e tão acessível que é fácil roubar ideias, e o que se está a verificar é pessoas desconhecidas e iniciadas neste mundo digital, que têm ideias fantásticas, a alimentar preguiçosos, bloqueados que não sabem usar a criatividade mas dominam muito bem as ferramentas do marketing digital suportados por uma vasta equipa. Justo?
O mais grave, é que as regulamentações das redes sociais ainda concedem o poder a qualquer um sem qualquer legitimidade, de destruir a carreira ou o trabalho alheio, permitindo denunciar canais, posts e perfis.
Finalmente, até o comportamento de muitos seguidores é condicionado, pois, muitos com receio de serem julgados, não comentam nem reagem a conteúdos de pessoas que adoram, porque consideram que essa pessoa, por ter algo diferente dos normais padrões da sociedade, será rejeitada pelos seus amigos conhecidos ou familiares. Assim, seguem em silêncio, com vergonha de admitir que também se revêm naqueles conselhos, naquela postura, naquela arte, naquele serviço. Ou seja, acabam por não ajudar na visibilidade por causa das regras do algoritmo, por julgamento ou por receio de serem julgados. Anulam uma parte de si próprios, usam máscaras. Por outro lado, se a pessoa em questão for adorada, amada, admirada pelo mundo inteiro, mesmo que seja por algo excêntrico, serão os primeiros a divulgar que seguem ou tiveram contacto com ela. Tal e qual como na sociedade real....
Resumindo, criou-se uma sociedade virtual que alimenta a rejeição, a falta de auto estima, as aparências, as burlas, a compaixão e a escravatura.
Obviamente que as redes sociais também permitem ações de solidariedade, de expansão, de conexão. Mas há que haver um equilíbrio, tudo tem o seu reverso da medalha. Mas cabe a nós mudar a forma como contribuímos para essa “sociedade”. Afinal, sempre somos nós que elegemos os “políticos”.
Enquanto “dançarmos ao som da música“ das redes sociais, serão elas a mandar em nós, em vez de sermos nós a direcioná-las para a beleza, para o bem e o útil.
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