Hoje vou falar-vos de algo que muitas vezes é motivo da nossa infelicidade. Ou a razão de muitos relacionamentos não funcionarem: As expetativas.
Esta questão até eu tenho estado a trabalhar em mim mesma, porque não é fácil.
Mas vamos desmistificar a expetativa: Como a criamos?
Tal como o nome indica, é algo que nós esperamos que aconteça, que aguardamos com tanta certeza, que até contamos as horas e vigiamos o tempo. Idealizamos e imaginamos como vai acontecer e ficamos focados naquela certeza que nós próprios construímos; iludimos-nos.
Mas depois, por alguma razão, não acontece, não da maneira como idealizamos e emanamos o choque da desilusão. Se aplicarmos então a pessoas de que gostamos ou amamos, então, aí até parece uma tragédia.
Pior mesmo é quando as expetativas resultam de uma promessa, afinal se a pessoa garantiu, consideramos que há coerência e que honrará a sua palavra. Mas já lá vai o tempo em que dar a palavra era algo sagrado e um compromisso de vida, e, hoje em dia, muitas pessoas assumem compromissos sem ter a intenção de se esforçar para cumprir. E como é um comportamento comum, significa que muitas pessoas irão, frequentemente, ficar magoadas quando a promessa não for cumprida.
Assim sendo, é preciso verificarmos como nos protegemos ou nos libertamos do desgosto, de uma desilusão: simplesmente não tendo expetativas e, perante uma promessa, não colocar tanta força ou, por outro lado, acreditar que vai acontecer mas considerar que algo pode falhar. Eu não estou a ilibar o não compromisso, estou a partilhar uma forma de não nos ferirmos e revoltarmos tanto com algo que não se concretiza, pois, afinal, somos nós que sofremos.
O que eu sugiro nestas ocasiões são técnicas que até eu estou a aplicar a mim própria, pois, eu sempre tive traumas de promessas que não se cumpriram e o hábito de criar expetativas mesmo quando nada me incentivava a fazê-lo.
São as seguintes:
1º - Tentar não criar expetativas
2º - Se criar, considerar que algo, por motivo maior, pode impedir que aconteça. E o motivo maior pode ser o evitar de um problema para nós no futuro, ou uma circunstância para nos conectarmos coma nossa dor e desbloqueá-la para poder curá-la. Chama –se a isto, desapegar. Não depender daquele resultado.
3º - Tentar ver outros pontos de vista da situação ou da pessoa.
4º - Se se tratar de uma pessoa, se ela falhar naquele ponto da sua personalidade, entender que ela terá outros pontos fortes com os quais nós também poderemos aprender.
Enfim, desdramatizar.
Não é fácil desdramatizar. Ainda assim, se for muito difícil, já que é para dramatizar, fazê-lo de uma forma exagerada a ponto de atingir o nível do humor negro. É negro porque retrata algo negativo mas que desperta graça.
Costuma-se dizer que rir é o melhor remédio quando não há mais nada a fazer. Na verdade, o riso é um instrumento poderoso de criação e intervenção e é também uma forma de arte.
Mas se a mágoa ou a raiva teimarem em não passar, passe por cá, pode ser tão antiga que precisa ser curada.
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