O mundo habituou-se à normalidade de as pessoas estarem umas com as outras por motivos errados. Juntam-se, conhecem-se por interesses vindos do ego.
Como estão mal resolvidos dentro de si mesmos, projetam nas relações as suas carências, necessidades ou ambições e são raros os momentos em que assumem as emoções e escolhem estar com quem amam ou perseguir amizades puras.
As amizades puras dão nas como garantidas e até se julgam ter direitos em receber o que recebem dali, e, os amores verdadeiros são considerados fraquezas e sinais de sofrimento e, assim, vão descartando-os.
Na opção de priorizar as vontades do ego, estabelecem amizades por interesse, relações superficiais apenas focadas no sexo, onde correm o risco, a qualquer momento de se apaixonarem e, perante este perigo, assumem o pior de si mesmos, colocam a máscara da frieza e magoam. Procuram os amigos apenas para desabafar e adquirir apoio e leveza em tempos de necessidades emocionais ou materiais e depois valorizam os que aparentemente têm mais prestígio social.
Avançam de relacionamento para relacionamento sem curarem as feridas, ou ainda com mágoas; vitimizando-se e culpando os seus ex parceiros ou de quem ainda gostam, minando todas as possibilidades de sucesso nas relações presentes por lá estarem apenas fragmentos de si próprios.
O mais grave é que fazem tudo isto de cara levantada, criando rótulos considerando que estão a seguir a normal regra da sociedade.
Está tudo mal.
Usam pessoas para não estarem sozinhos, como se estar sozinho fosse uma espécie de peste negra.
Porque não querem confrontar os monstros ou os esqueletos ou porque se sentem fortes e líderes aos olhos da sociedade, porque não são rejeitados. Paradoxalmente, podem estar acompanhados mas ESTÃO rejeitados. Por si próprios. Congelam os seus sentimentos e o que se vê é um monte de máscaras convivendo umas com as outras, de olho numa máscara e outro noutra…
Marcam o ponto com os amigos enquanto estes forem úteis mas trocam-nos na primeira possibilidade de novos “ brinquedos” ou “ diversões” noutro lado.
Está tudo ao contrário.
Só quando soubermos quem somos e admitirmos quem somos e o que queremos conseguiremos desfrutar uma relação autêntica e prazerosa. Uma em que nos sintamos vistos, elogiados e potencializados já que o outro sabe da nossa verdade e reconhece a nossa necessidade, e vice versa; e só fica se partilhar dessa verdade e se for sua vontade. Caso não seja, há sempre alguém que a terá, e, quando aparecer irá fazer-se click! É mágico, instantâneo, fácil… e não será um mero substituto para um buraco que ficou vazio deixado pela pessoa anterior.
Resumindo, primeiro, há que confrontar, perceber, preencher esse buraco consigo mesmo ou aceitar alguém que ajudará nesse processo de curar, mas nunca será o outro a curar, é só um apoio.
A questão é que as pessoas fogem de quem os confronta com as suas feridas a procuram outras relações consideradas mais fáceis mas que as deixam em piloto automático pois, não é ali que está o coração, criador da paixão, a própria fonte da criação. Se não tenho o meu motor não tenho nada para criar, por isso, a médio e longo prazos terei estagnação, razão para procurar a próxima vítima que irá disfarçar essa insatisfação.
Ora, o ser humano precisa de amor e só procura amor, equilíbrios em que a energia flui sozinha entre duas ou mais pessoas. É estranho que hoje optem por relações de interesse pessoal, superficiais ou de hipocrisia.
É um pequeno problema que se vai alimentando e, o que parecia ser nada de especial, torna-se numa bola de neve até formar uma avalanche que devasta tudo e, sobretudo, o nosso coração.
Nos dias de hoje, dorme-se com um hoje e amanhã com outro. Tem-se amigos conforme a agenda e relaciona-se com a cabeça mais do que com o coração celebrando a participação numa sociedade de futilidade.
Agora pergunto:
Será que as pessoas estão felizes? Basta olhar para a sua taxa de desgostos e desilusões para se perceber…que algo não está tão bem assim.
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